Já noutros artigos falei sobre o impacto por exemplo das palavras nos resultados/desempenho dos outros, tanto em funções de liderança como também no papel de pais (e.g. Três dicas para pais e professores que querem influenciar positivamente).
Hoje quero voltar a falar neste tema, na perspetiva das expetativas que temos da capacidade e desempenho de outras pessoas.
As expetativas dos professores têm impacto no desempenho dos alunos
Por exemplo, sabia que as expetativas de desempenho que um professor tem dos alunos influenciam o resultado destes?
Nos anos 60, em São Francisco, fizeram uma experiência. Deram um teste banal de IQ aos alunos mas disseram aos professores que este teste ia prever quais dos alunos viriam a ter um aumento dramático do seu desempenho no futuro. Depois do teste, criaram turmas arbitrariamente (ou seja, com alunos que não se tinham propriamente distinguido) e informaram os professores que essas turmas agrupavam os alunos que, com base no teste, demonstravam mais potencial.
Os investigadores seguiram essas turmas e verificaram que os alunos das turmas cujos professores pensavam estar a trabalhar com turmas com maior potencial revelaram melhores resultados, em particular um aumento do IQ.
As expetativas dos professores resultaram numa melhoria de resultados. Observaram também como é que o comportamento destes professores era diferente.
Os professores não só davam mais tempo aos alunos para responder às questões, como lhes davam feedback mais específico e mais aprovação. Consistentemente demonstravam empatia tocando, acenando e sorrindo para os alunos.
Profecia auto-realizável (self fulling prophecy): atitudes e palavras
Quando temos expetativas de que o desempenho de outros não vai ser o esperado estamos a criar uma profecia auto-realizável (self fulling prophecy). E muitas vezes entramos neste processo connosco mesmos em relação aos nossos próprios resultados.
E não é só a atitude (como por exemplo a maior paciência que os professores demonstraram) que podemos trabalhar mas também as palavras que escolhemos usar e que revelam as nossas expetativas.
Deixe-me dar-lhe dois exemplos:
- O uso do “não desistas” com uma criança, ou mesmo um adulto, leva-a a focar na possibilidade de desistir (já que o nosso inconsciente não processa o não). Essa opção está em cima da mesa. Leva-o a considerar que isso é uma hipótese e de que aquela pessoa que está ali para o ajudar a não desistir. Será mais inspirador aquela pessoa estar ali para ajudar a continuar?
- O uso do “sai da zona de conforto” (não gosto mesmo desta expressão) pode ter o mesmo impacto. A “zona de conforto” tem associada a ideia de que se não se sai dessa zona é por preguiça, porque não se quer sair do “conforto” … e nem sempre é assim. Pode levar a pessoa a sentir na prática menos energia e vontade de continuar, a acreditar menos em si.
Há outras expressões que têm um impacto mais positivo: o simples “continua” é bastante mais energizante do que um “não desistas”. Descobri há pouco tempo que comigo funciona muito bem a expressão “desafia-te”. Repare que a ideia é exatamente a mesma só que a energia e expetativas que estas palavras trazem são muito mais potenciadoras de resultados.
Existem outras palavras. Descubra o seu “código”. Descubra as palavras que pode usar consigo mesmo e com os outros seja como pai, professor, líder ou noutro papel qualquer. E observe os resultados! 😉
“Quer você acredite que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo.”
Henry Ford
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Ana Relvas, Ph.D & Consultora de Desempenho
Ana Relvas é a propulsora da Objetivo Lua, projeto que cresceu da sua vontade em ajudar outros a concretizarem o seu potencial e foi construído sobre uma carreira de mais de 10 anos como Gestora e Engenheira Aeroespacial.
É esta experiência que, aliada à formação como Coach e Master Practitioner em Programação Neurolinguística, permite entender os desafios profissionais atuais e desenhar programa para cada pessoa, equipa ou empresa.