Vinte e quatro horas é o tempo que cada dia nos oferece. Mil quatrocentos e quarenta minutos. E parece que nunca chegam para o que queremos fazer.
A maior parte das pessoas gostava de conseguir produzir mais com o tempo que tem disponível. E pode ser produzir mais trabalho para responder às responsabilidades profissionais ou não levar trabalho para casa e ter tempo para fazer outras coisas.
E muitos também gostavam de se conseguir distinguir profissionalmente e ter melhores resultados.
E o se o segredo para tudo isto for alimentarmos a nossa atenção?
O psicólogo organizacional Adam Grant diz-nos que a produtividade é menos sobre gestão de tempo e mais sobre gestão da atenção. A atenção é uma capacidade cognitiva como a memória, a lógica, o raciocínio, a capacidade de resolver problemas, de planear, de processar informação.
E cada vez há mais estímulos que consomem a largura de banda da nossa atenção. O mais presente para a maior parte das pessoas é a tecnologia como o telemóvel e tudo aquilo que nos permite fazer.
E a quantidade de informação que temos hoje disponível? Eu às vezes sinto-me perdida no meio de tantos livros, artigos e vídeos que quero ver.
Temos estado a ser treinados para “ler” e ignorar parte dos conteúdos. Às vezes noto que para conseguir ler um artigo na internet preciso de fechar não sei quantos popups e ignorar pelo meio do texto anúncios de coisas que não me interessam.
Passámos a ser especialistas em ignorar informação sendo que por vezes essa informação é importante. Fico impressionada com o número de pessoas (pequeno mas mesmo assim…) que é capaz de preencher um formulário numa página a perguntar-me informação que está lá explicitamente indicada como a data ou o valor de um curso…
Ou ao “lermos” um email escapam-nos detalhes importantes com consequências na nossa imagem ou no resultado do nosso trabalho.
Também deve estar a pensar em como a expetativa de conexão constante e resposta imediata pedem a nossa atenção. É um problema cultural que todos alimentamos pois todos queremos resposta imediata. Por isso uso com muita frequência o botão “não incomodar” do meu telefone. E por isso é hoje tão essencial sabermos dizer “não” para podermos dizer “sim” ao que é mais importante.
Giro a minha atenção com o mesmo cuidado que giro o tempo e a minha energia, pois são todos igualmente preciosos.
Por outro lado, a qualidade da nossa atenção prevê o nosso desempenho na execução de várias tarefas mas não só. Prevê até a nossa capacidade de gerirmos as nossas emoções e a qualidade das nossas relações pessoais e profissionais.
Além disso, na economia de conhecimento de hoje, aqueles capazes de se distinguir são aqueles que conseguem aprender rapidamente por exemplo a usar uma nova ferramenta ou a manterem-se atualizados na sua área profissional. (Veja aqui 6 dicas para ser mais produtivo a estudar)
Na economia de conhecimento de hoje, aqueles capazes de se distinguir são aqueles que conseguem produzir um trabalho de qualidade.
Realizarmos um trabalho de qualidade implica sermos capazes de nos focar a usar as nossas capacidades cognitivas, sermos capazes de nos focar a realizar um trabalho profundo.
Um trabalho profundo é difícil de replicar por qualquer pessoa pois depende do conhecimento que temos vindo a adquirir, das nossas capacidades cognitivas, da nossa criatividade para resolvermos problemas e criarmos algo diferente.
E depende da qualidade do nosso foco para aplicarmos tudo isto. Normalmente dizemos que estamos focados quando conseguimos propositadamente concentrar a nossa atenção em algo durante algum tempo desligando-nos de outros estímulos, do barulho à nossa volta.
A capacidade de aprender e produzir trabalho profundo é cada vez mais rara muito porque a capacidade de foco é cada vez mais rara. Por isso, quem o consegue fazer distingue-se.
Por isso, quem o consegue fazer será mais raro e mais dificilmente substituível.
E as boas notícias são que fazê-lo não requer mais tempo. Pelo contrário. É uma maneira de fazer o tempo esticar.
Comece por experimentar criar alguns momentos no dia em que reduz as fontes de distração e se foca a realizar tarefas que requerem concentração. Este é um tema que costumo trabalhar nos cursos de gestão de tempo e é uma das áreas que causa mais frustração porque parece que está tudo contra nós (até nós mesmos) e ao mesmo tempo traz maiores ganhos. Se o tema lhe interessa, esteja atento aos próximos cursos.
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Ana Relvas, Ph.D & Consultora de Desempenho
Ana Relvas é a propulsora da Objetivo Lua, projeto que cresceu da sua vontade em ajudar outros a concretizarem o seu potencial e foi construído sobre uma carreira de mais de 10 anos como Gestora e Engenheira Aeroespacial.
É esta experiência que, aliada à formação como Coach e Master Practitioner em Programação Neurolinguística, permite entender os desafios profissionais atuais e desenhar programa para cada pessoa, equipa ou empresa.