Um “rico líder”…
Há dias numa conversa com o responsável de uma microempresa, ele dizia-me qualquer coisa como: “Um bom líder tem que se fazer respeitar, ser duro e mandar para que se faça! Porque as pessoas são preguiçosas e não pensam. Preciso de estar sempre em cima e chamar a atenção e da imagem que estão a passar para os clientes! Isto é que é liderar…não é conversas e dar-lhes liberdade. Isto é o que funciona…há tanta gente com negócios e ricos que fazem assim.”
Pois há.
E será que há outras estratégias de liderança com melhores resultados nos seus negócios?
E será que se adotassem outras estratégias de liderança, iam-se preocupar menos, ser mais dispensáveis e terem mais tempo para por exemplo fazer o seu negócio crescer ou mais tempo livre na sua vida pessoal?
Será?
Quer contratar esta pessoa?
Mais ou menos na mesma altura falei com uma pessoa que já conheço há muito tempo e em quem sempre reconheci um alto nível de competência, autonomia, empenho, motivação e entusiasmo naquilo que faz. Se é responsável por uma equipa na sua empresa, já está a pensar que gostaria de ter esta pessoa na sua equipa, certo?
Se calhar tem uma oportunidade!
Encontrei esta pessoa sem o entusiasmo que lhe conhecia e a queixar-se do novo diretor a quem agora respondia. Esta pessoa contou-me da constante microgestão, feedback negativo, do tempo que passava a responder a emails para justificar as suas decisões e das reuniões surreais.
Contou-me que agora só queria despachar as tarefas que o diretor lhe pedia, sabendo muitas vezes que realizar a tarefa não levava ao resultado pretendido mas podia dizer “eu fiz como me pediu”. Para obter o resultado, sabia que precisava de fazer mais coisas, falar com pessoas, encontrar estratégias alternativas mas já não queria saber.
Deixou de se focar em usar todos os seus recursos para obter resultados (dos quais antes se orgulhava) e passou a focar-se na resolução da tarefa tal como lhe pediam.
Uma experiência com líderes coloridos…
Já falei sobre este estudo noutro artigo, um estudo muito revelador feito numa empresa de saúde em São Francisco para avaliar o impacto dos gestores no desempenho das equipas.
Observaram que o desempenho de vários departamentos era muito diferente e começaram por classificar cada departamento como verde, amarelo e vermelho. Os departamentos verdes eram sítios excecionais para trabalhar, onde não só registavam produtividade e rentabilidade acima da média, como também as equipas estavam altamente empenhadas e tinham maior retenção. Os departamentos amarelos apresentavam resultados na média: não eram maus mas não eram excecionais. Os departamentos vermelhos tinham maus resultados em todas as métricas, em particular no turnover das pessoas: quem lá entrava queria sair.
Então resolveram fazer uma experiência. Moveram alguns gestores dos departamentos vermelhos para os verdes e vice-versa para avaliarem se o tipo de liderança realmente tinha impacto. Mantiveram as equipas.
O que aconteceu? Em todos os casos, dentro de um ano:
- os departamentos vermelhos, com um líder verde, tornaram-se vedes;
- os departamentos verdes, com um líder vermelho, tornaram-se vermelhos.
Os riscos que os líderes correm
As pessoas não nascem “preguiçosas”. As pessoas não nascem “desmotivadas”. As pessoas não nascem “do contra”.
Um líder deve ser capaz de adaptar o seu comportamento e estratégia de comunicação para ajudar a desenvolver competência, motivação e empenho. Não para dar competência, motivação e empenho. Para AJUDAR a DESENVOLVER.
Há pouco tempo publiquei um artigo no blog em que falava nas competências que os líderes falham em adotar. A que mais se destacava em Portugal era desenvolver os outros.
E quando desenvolvemos os outros, estes tornam-se competentes, motivados e empenhados. E todos nós já passamos por situações em que não nos sentíamos assim o que não significa que não tenhamos a capacidade para aceder a estes recursos. Significa somente que naquele momento, naquela tarefa, não conseguíamos aceder a esses recursos.
O líder pode pensar “isso não é comigo”, “já faço muito”, “deviam ter tido alguns chefes que já tive”.
O líder pode não fazer melhor porque não sabe como.
O líder pode continuar “em cima”, reclamar quando as coisas não estão bem e nunca ter tempo.
O líder pode.
Também pode fazer diferente.
O líder também pode ajudar a desenvolver competência, motivação e empenho.
E não há mal nenhum nisso.
Há só um risco: de obter melhores resultados, criar equipas fortes, empenhadas e proactivas, clientes mais satisfeitos e ter mais tempo. Riscos destes não aparecem todos os dias, certo? 🙂
Quer correr o risco de ser um líder mais efetivo?
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Ana Relvas é a propulsora da Objetivo Lua, projeto que cresceu da sua vontade em ajudar outros a concretizarem o seu potencial e foi construído sobre uma carreira de mais de 10 anos como Gestora e Engenheira Aeroespacial.
É esta experiência que, aliada à formação como Coach e Master Practitioner em Programação Neurolinguística, permite entender os desafios profissionais atuais e desenhar programa para cada pessoa, equipa ou empresa.