Todos temos expetativas de como os outros deviam ser, como se deviam comportar.
E isto é transversal em todas as áreas da nossa vida, desde a nossa vida pessoal com família e amigos (se ela me desse valor devia ter-me ajudado, um amigo a sério devia ter telefonado para saber se estava tudo bem), no trabalho (o meu chefe devia perceber que estou cheio de trabalho) e até com a humanidade em geral (Eles deviam ser mais …).
Quando as nossas expetativas não são cumpridas acontece que ficamos desapontados, frustrados, transtornados, irritados, tristes, ou outra resposta emocional negativa. E muitas vezes remoemos sobre isso.
Na realidade esta resposta emocional não é causada pelo comportamento do outro mas pelo facto de este não responder às expetativas que criamos.
Parece a mesma coisa mas não é pois traz o controlo para o nosso lado: muitas vezes não conseguimos influenciar o comportamento dos outros mas temos um pouco mais de controlo sobre a nossa reação ao comportamento do outro (chama-se inteligência emocional).
Por exemplo, há pessoas que vivem bem com outras pessoas se atrasarem e outras ficam muito incomodadas.
O comportamento é o mesmo (alguém atrasar-se) mas a resposta emocional é diferente porque há expetativas diferentes.
Muitas vezes as expetativas nascem das regras ou crenças que associam comportamentos específicos a significados.
Por exemplo, qual a expetativa que temos do comportamento de um “amigo a sério”? Para algumas pessoas um amigo que demonstre cuidado e atenção mantendo um contacto frequente (e esta frequência depende de pessoa para pessoa) significa que essa pessoa é um “amigo a sério”. Para outros, esse contato frequente não é necessário e é até indesejável. Imaginemos dois amigos cujas regras são diferentes: podem ambos ficar dececionados porque o amigo não tem o comportamento que devia ter (um porque contacta pouco e outro porque contacta demais).
Não estou a sugerir que ter expetativas é mau ou que não devamos criar condições para que aquilo que não nos parece bem ou nos faz mal se mantenha.
O problema é quando essas expetativas, quando não concretizadas, têm um impacto negativo em nós e nas nossas relações.
E se por alguma razão não estivermos confortáveis com esse impacto negativo há várias coisas que nos podem ajudar a lidar com este desconforto.
Uma delas é termos consciência da nossa expetativa. Muitas vezes temos estas expetativas há tanto tempo que já nem percebemos de onde vêm, se são realistas ou/e se estamos a associar significados (injustos?) à expetativa (por exemplo associamos que só se a outra pessoa nos telefonar diariamente é que está preocupada connosco, ou seja, que gosta de nós) e talvez consigamos ter consciência que essa associação pode não fazer sentido (porque há pessoas que demonstram preocupação e carinho de outras maneiras).
Ter consciência da expetativa também nos ajuda a comunicar melhor a expetativa o que implica dizer ao outro, sem cobrança, de que algo é importante para nós.
Pode também ser útil, antes de optar pela segunda opção (comunicar melhor a expetativa), perceber como nos sentiríamos se outra pessoa nos pedisse para mudar algum dos nossos comportamentos para nos ajustarmos às suas expetativas. Mas pensar nisso mesmo a sério. Normalmente todos achamos que estamos dispostos a mudar, mas estaremos mesmo? Que significado associaríamos se alguém nos impusesse a sua expetativa do nosso comportamento, de como é que nos devíamos comportar?
Para pensar e avaliar as expetativas que por aí andam…
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Ana Relvas é a propulsora da Objetivo Lua, projeto que cresceu da sua vontade em ajudar outros a concretizarem o seu potencial e foi construído sobre uma carreira de mais de 10 anos como Gestora e Engenheira Aeroespacial.
É esta experiência que, aliada à formação como Coach e Master Practitioner em Programação Neurolinguística, permite entender os desafios profissionais atuais e desenhar programa para cada pessoa, equipa ou empresa.